terça-feira, 11 de agosto de 2009

Coisas

Lábios cobertos de cimento.
Almas cheias de concreto.
Boas senhoras que não sabem o que é orgasmo.
Bons senhores que não conseguem sentar no quintal em dias de chuva.
Só falam o necessário.
Os sorrisos não mostram os dentes.
Eles têm uma pedra grande no estômago e pedrinhas na cabeça.
Por isso não conseguem pular para vibrar com o que quer que seja,
Pesa muito.
Se há um peso que não buscam muito carregar é o da Graça.
Homens que não tiram suas mulheres pra dançar.
Acho que essa gente nem canta no chuveiro.
Acostumaram-se com o tempero, não sentem mais nele prazer.
Maquiagem todos os dias? Sei que não gostam de minhas havaianas.

Não gritam de felicidade, prazer ou alegria. Só alteram o tom da voz pra brigar ou impor sua opinião.
Cores sóbrias, movimentos devidamente calculados.
Sim sim, vocês tem bom coração.

Não sentem a alegria da solidão.
Não sentem a alegria de estar junto.
Não há caricias leves.
Não há caricias intensas.
Vocês sabem o que é carícia?
Tocam-se só por cumprimento,
Encostam-se.

Não vêem honra nas lágrimas.
São aquilo que vestem e compram,
Neste mundo grifes valem mais que seus próprios nomes.

Há um grito dentro deles, mas não escutam.
As plantas que eles têm em casa não são do tipo que dá flores. Como pode?
Riram do meu vestido, disseram que parece com o de uma criança.
Pediram-me para não franzir a testa diante dos comentários, mas é involuntário.

Foi bom conhece-los. Amo vocês, mas tenho que partir.
Caso contrário morro. Velórios são chatos e caros.
Ligo e escrevo, ok?
Thau.
Ah sim, antes de ir: aceitam um pedaço de torta de frango?




PS: eles dizem pertencer a Ti. Derrama cura sobre eles, a começar em mim.