segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O Dia Legal de um Jovem Camponês Judeu

Quero falar de um dia importante na vida de um jovem camponês judeu. Seu nome é Yeshua. Seu pai se chama José e sua mãe Maria. Ele tem irmãos, mas não sei ao certo quantos são nem seus nomes.

Yeshua está em uma festa, em um casamento. São de pessoas conhecidas suas, moram em sua aldeia. Yeshua está de pé com um grupo de rapazes, são seus amigos. Alguns cresceram com ele, outros ele conheceu ali na festa mesmo. São todos em sua maioria gente de bem. Conversam sobre coisas triviais, observam as pessoas, comem e bebem.

Yeshua gosta de crianças. Gosta da maneira enérgica como correm e dos seus sorrisos e lágrimas. É que tanto um como o outro são bem sinceros. Os adultos não são tão sinceros assim com suas emoções, com seu próprio coração. Yeshua vai ao encontro delas, pergunta seus nomes e de quem são filhos. Em poucos minutos está sentado no chão conhecendo alguns dos sonhos daquelas crianças. Ele gosta da maneira como falam do mundo, de como acham tudo grande, da esperança que depositam no futuro. Ele quase consegue sentir a palpitação de seus coraçãozinhos quando falam da grandeza do mundo e de tudo que querem ainda fazer e conhecer. Ele se pergunta: “porque os adultos não são assim?”
As crianças o chamam pra brincadeira. Ele aceita. É algo como o que conhecemos como pic hoje em dia. Seus amigos não entendem como Yeshua consegue passar tanto tempo com as crianças, conversando com elas, o acham meio maluco: com tanta gente pra conversar, tantas moças para admirar, tanto vinho para beber, ele fica conversando e sai para correr com crianças.
Yeshua corre por uns minutos, mas pede para sair da brincadeira, afinal, já está com trinta. Não os consegue acompanhar em tudo.

Yeshua gosta de observar as pessoas, gosta muito mesmo. Ele olha para os diferentes grupos que estão na festa. Vê uma moça que está com sua família. Ela parece acanhada, meio deslocada. Yeshua pensa bastante, mas decide: vai em direção a sua família e a chama para dançar. Nem olha para o rosto de seu pai evitando encontrar um possível olhar de desaprovação. Apenas pega na mão da moça e inclina a cabeça na direção de seus pais em sinal de respeito. Puxa a moça pra roda de dança. As danças judaicas são muito alegres. Ele percebe que a moça ainda não está se sentindo muito a vontade, mas depois de uns vinte minutos de palmas, giros e pulos ele vê no seu rosto um sorriso. Se sente feliz então. Sai da dança.

Yeshua fica um tempo sozinho. Pensa. Observa. Vê uma família judia sentada conversando. São amigos seus, o viram crescer, são parte de sua tribo. Ele se senta com eles. Começa a conversar com a mais velha da família. Aproxima-se bem dela pra poder escutá-la e para que ela o escute. Ela está bem velha. Ela tem dificuldade para falar. Ele a escuta, e escuta, e escuta. Ele mais escuta que fala. Ele aprendeu muito nessa conversa. Conversaram sobre coisas da vida: os problemas da Palestina, o amor, a pobreza que os cercava, questões de família, questões da aldeia, a morte e por ai vai.

O vinho da festa acabou. Foi um desespero só. Seria quase um escândalo se todos tomassem conhecimento. Com uma só palavra ele consegue arrumar vinho. Tudo volta ao normal. Engraçado que os anos passam e ele continua assim, quando o pedem, ele põe o vinho que falta em nossa vida: alegria, paciência, serenidade, compaixão. É só pedir.

A festa acabou. Foi uma boa festa. A partir daí ele não parou. Saiu de casa, não levou nada consigo. Conseguiu companhia: alguns caras que eram tão estranhos como ele. Estes também deixaram suas casas e não levaram nada. Então, começou uma revolução, a maior revolução de todas. A revolução ágape, a revolução do amor. Ricos e pobres, donas de casa e prostitutas, crianças e velhos, casados e solteiros, judeus e não judeus. Todos, enfim, todos eram seu alvo. Ele queria que o ágape alcançasse a todos e ainda quer.

Eu queria ter estado naquela festa. Queria que ele tivesse me chamado pra dançar. Queria em algum momento de seu ministério ter parado pra conversar com ele bebendo uma caneca de vinho. Queria ter tido a oportunidade de ver como era seu sorriso. Quem sabe poderia eu ter sido uma das pessoas privilegiadas que o tocaram. Imagine só: Yeshua me abençoando e me dando um abraço. Queria saber como era seu tom de voz. Talvez eu não fosse uma de suas discípulas mais próximas, mas me sentiria feliz em estar no meio da multidão. Queria poder conversar com ele sobre as coisas da vida, como aquela velha. Só de pensar nessas coisas algo tão forte toma conta do meu peito, que enquanto estou aqui digitando essas palavras meus olhos lacrimejam, meu coração se aperta. Mas me pergunto também se teria dado importância, se não seria uma das pessoas que o insultaram ou simplesmente o ignoraram. Olhar para o passado com os olhos e sentimentos do presente é muito fácil. Mas prefiro crer que não seria assim comigo.

Este dia foi muito importante pra ele, foi um dia bem legal o dia desse casamento. Ainda terei muitos dias legais ao lado de Jesus.