domingo, 16 de agosto de 2009

Casa Iluminada

Eu estava em algo que parecia ser uma casa. Não posso afirmar que o seja, pois não vi aquele lugar por fora. Vou chamá-lo assim. Estava no 2° andar. Digo isso pois estava sentada numa janela. Parecia ser eu de menor estatura que agora. Sentada na janela o meu braço esquerdo se apoiava completamente em minhas pernas, meu cotovelo direito também, mas minha mão estava no rosto. Estava a principio numa posição de observação. Usava um vestido na altura dos joelhos, ele era simples e fresco.
Em frente à janela em que estava sentada havia um corredor, relativamente longo. Aquela casa era linda. Estranho mas percebi isso pelo corredor, não tive acesso a outros cômodos. Era tudo tão iluminado, tão iluminado! Os móveis eram todos de cor clara, tudo era muito elegante. Neste corredor havia algumas janelas (desse detalhe não lembro bem). Mas como era claro, tudo claro. Lindo! Andavas por esse corredor bem devagar. Não sei se estava com dor, tonto ou infeliz, mas pela forma como andava, às vezes encostando-se à parede, não me passava a imagem de estar muito bem.
Ao findar o corredor você chega num cômodo, que é onde estou, na janela. O cômodo era um pouco comprido. Possuía alguns móveis. Lembro-me agora de uma poltrona e de uma pequena mesa. Tudo muito elegante. Esta parte não era tão iluminada como o corredor. Havia penumbra, o que tornava o ambiente mais sereno. Da janela onde estava entrava um vento suave fazendo as cortinas se moverem. Neste cômodo do fim do corredor algumas coisas tinham detalhes verdes. E todo o lugar era enfeitado com alguns ramos pequenos de flores, bem meigas, isso dava ao lugar certo charme. Adorei aquele lugar. Você não se deu conta que eu estava ali.
Começou andar de um lado para o outro. Fazia várias coisas, tudo muito rápido. Seu ritmo mudou ao chegar àquela parte da casa. Ninou um pouco uma criança, parecia fazer poses pra fotos, mexia depois no PC, tudo muito rápido. Nem se deu conta de minha presença. Pela sua intimidade com o local percebi que aquele ambiente não era estranho pra ti como era pra mim.
Eu estava ali sentada na janela, bem de frente pra ti. Se por um lado desejava que você pudesse me enxergar por outro estava ali gostando de observar seus movimentos sem ser vista, estava engraçado. Fiquei assim por um tempo.
Desejei que você me visse em dado momento. Você me viu. Aproximou-se da janela e perguntou o que eu fazia ali. Tenho certeza absoluta que nunca estive naquele lugar. Você perguntava de forma firme, parecia nervoso. Eu dizia: “sou eu, sou eu”. Você ficou furioso. Disse que eu tinha cinco minutos pra sair daquele lugar. Imaginei que, não me reconhecendo, você pensava ser eu uma ladra ou coisa parecida. E percebi seu bom coração, tendo isso em mente poderia muito bem ter chamado alguma autoridade, um conhecido, mas me deu a chance de sair. Acho que você chegou a pegar no meu braço tentando me tirar daquele lugar, completamente desesperado.
Depois de alguns minutos você parece que caiu em si. Eu disse pela última vez, alto e forte: “sou eu”. Tu me olhaste por alguns segundos fixamente. Teve nos lábios um sorriso que não saberia aqui detalhar bem. Ele expressava uma tranqüila surpresa. Alivio. Era um sorriso doce. O lugar ficou ainda mais sereno. Até que disse: “Débora”.

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